Os drones, aeronaves não tripuladas, estão ganhando o mundo cumprindo diversas tarefas. De ataques militares a entregas de pizza, as funções do equipamento podem, inclusive, ajudar em ações humanitárias, como pretende a Organização das Nações Unidas (ONU).
A entidade está investigando a eficiência da tecnologia para buscar e entregar amostras de teste de HIV no Malaui, África. A ONU espera, desse modo, que o transporte se dê forma mais eficiente do que de maneira terrestre na área rural do país, a exemplo de inúmeros projetos similares no continente.
O uso dos drones não é uma solução para os problemas de infraestrutura e desenvolvimento humano da África, que, de acordo com o Banco Mundial, possuem as piores condições de desenvolvimento de todo o mundo. Ainda assim, novos projetos com o equipamento estão explorando o que pode ser feito.
Por serem, em geral, pequenos e rápidos, empresas têm estudado maneiras de entregar cargas frágeis igualmente pequenas, mas que tenham potencial de salvar vidas. No caso do Malaui, por exemplo, os drones fazem a diferença por acessar a área rural do país, região com péssimas condições de estradas.
Múltiplos projetos
Um projeto da empresa Zipline em parceria com o governo dos Estados Unidos, lançado nesta semana em Ruanda, usa uma rede de drones para entregar suprimentos de sangue e medicamentos para hospitais e clínicas distantes. Mesmo no país que é um dos menores da África, esses mantimentos poderiam demorar semanas para chegarem por terra. Com drones, a viagem é feita em algumas horas.
Na costa leste da África, em Madagascar, outra empresa americana, Vayu, completou voos com drones para colher amostras de sangue e de fezes de aldeias rurais, com o apoio da Agência de Americana para o Desenvolvimento Internacional.
“África tem certos benefícios para tais projetos”, disse à CBS Sid Rupani, que estuda como drones podem ser utilizados de forma eficaz nas cadeias de fornecimento, a partir de seu escritório na África do Sul.
Ainda assim, o uso de drones enfrenta vários desafios. Alguns modelos são limitados em alcance ou precisam de recarga de bateria frequente. Se falharem, a recuperação dos equipamentos em áreas remotas pode ser difícil. Além disso, alguns governos têm receio de a tecnologia ser vista como uma possível invasão dos países, que também não possuem legislações a respeito.
A principal preocupação é que as pessoas possam achar que estão sob algum ataque militar. “Queiramos ou não, os drones são confundidos com armas”, disse um funcionário da ajuda humanitária no Congo.
Futuro
De acordo com a CBS, organizações de ajuda estão pressionando por novas descobertas na área. A entidade holandesa Wings for Aid, por exemplo, está trabalhando em um protótipo de drone para transportar mais e ir mais longe: até 100 quilos de carga podem ser entregues em vários pontos em um raio de 500 quilômetros, conforme Wesley Kreft, diretor de desenvolvimento de negócios e inovação da organização.
Apesar de todas as inovações, ainda pode levar muitos anos até os drones serem entregadores realmente confiáveis. A tecnologia, no entanto, está sendo desenvolvida e promete chegar lá, explica ao site Arthur Holland Michel, co-diretor do Centro para o Estudo de Drone no Bard College, em Nova York.
Colaborou: Cecília Tümler
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/economia/inteligencia-artificial/drones-ajudam-a-salvar-vidas-na-africa-f1kc5pmvzjvk2yhd77p8fwfuc